sexta-feira, 29 de maio de 2009

Acordei amanhã

Acordei
em quarto estranho
As calças no chão
e um número
de telefone
incognoscivelmente
rabiscado
na mão
De quem é a letra?
De quem é o número?

Quem é esse que sou?

roupas molhadas de chuva
alma secando e ardendo
na mende
Uma dor na mente
Não,
uma dor no cérebro!

Minha anfitriã
contando histórias de mim
que não sei
que serão para sempre histórias
de outro

Mas está tudo bem
Hoje é de novo dia
Hoje é de novo noite
Hoje será de novo amanhã
E Amanhã que será?
E amanhã quem será
eu?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vaca,




Preocupar-se com o outro
é coisa tão egoísta
e fútil.
Na verdade é sempre coisa de si,
raiva de quem não te fala mais,
de quem não olha
mais na cara.
Raiva da indiferença.
Indiferença...
Indiferença é vingança de esquecer.
Matar-te em mim!
Assim é que é a dor.
E dói.
É arrancar,
é pegar uma pá
e desenterrar.
Desgraçada!
Xingo-te porque ainda tenho libido
investida em tu,
escorrendo como porra.
Xingo-te!
Vaca!

(e como eu odeio poesia!)

terça-feira, 5 de maio de 2009

A Poesia é meu sintoma



Foto: "fantasma", Gustavo Tavares. Vassouras, RJ. abril/09


Não me surpreendo mais e não me repreendo mais também. Por saber das possibilidades não me despermito. Vou para onde a libido aponta, mesmo sabendo que é para um fantasma. Não tenho medo mais de fantasmas. Eles sou eu. Eles se materializam ao longe e desmaterializam ao toque. Psicanaliticamente, fico a chupar o dedo. Eras mais próxima a distância, te digo, minha frase mais recorrente. Por isso não tenho medo, sou apaixonado por fantasmas. Bu, sou eu, mas não te assustes, não me assustes, não me espantes, não me enxotes. Sei que me preferes de longe também. Mas aí é que está, apesar de tudo isso quero algo além de mim, quero algo perto que não seja eu de longe. Por isso vou para longe e continuarei indo: para alcançar o perto, para te alcançar... te alcançar... alcançar... cansar.