quinta-feira, 11 de junho de 2009





a espera me exorta
a querer mais
sem menos saber
a beber das claras d'um ovo podre,
d'um feto morto,
da vida que não viveu.
natimorto é o saber-se são:
enquanto afirma-se
por isso mesmo
já não é.
é a dúvida mais saudável
que a certeza cega?
ah... dúvida.
Perscrutando um caminho tosco
achando um sentido sem razão
na floresta fechada
das coisas em si
tento não me perder.
tento não me perder demais.
se tenho certeza demais
no caminho
sou doente e me perco,
certo?
é o que dizem.
Ah...
mata fechada do Nada,
o sentido se faz a golpes de facão!

2 comentários:

  1. Vejo, meu amigo, que retornou à poesia. Minha alegria por essa óbvia constatação não anula, de forma alguma, os outros textos teus que, em estrutura, parecem mais prosa que poesia. Em verdade, todas as tuas criações que tive a oportunidade de entrar em contato estão inseparavelmente mergulhados na sua poética. Retomando o ponto inicial, minha alegria, além das óbvias razões, se dá talvez pelo fato de que você sentia falta, pelo que entendi, de escrever poesias - e voi lá.

    Devido à deterioração crescente da minha capacidade de conseguir expressar o que acontece aqui dentro, deixo sobre o que você escreveu unicamente a palavra 'extraordinário', certo de que não me é possível mais dizer o quanto essa poesia perturbou-me, não no sentido negativo, mas transcendente.

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  2. Esqueci-me de comentar sobre a foto, e mesmo assim muito não há a dizer senão agir pela contemplação. Belíssima. O corpo de mulher é o ápice da Criação - isso se podemos nos munir da crença do divino. A fusão da mulher com a natureza é simbólica; a delícia da carne com algo de espiritual.

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